Classificação biológica (taxonomia)

Classificação biológica é o sistema pelo qual os seres vivos são organizados. Entre as diversas formas de classificação, a em três domínios é mais aceita atualmente.
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A classificação biológica é um sistema utilizado para organizar os seres vivos por meio de critérios preestabelecidos. A taxonomia é a área da biologia responsável por identificar, nomear e classificar os seres vivos. A sistemática é uma área que também auxilia nesse processo, já que estuda as relações evolutivas entre os organismos, sendo cada vez mais utilizada nesse processo, assim como a biologia molecular.

Leia também: Classificação das bactérias – quais são os critérios?

Histórico da classificação biológica

  • Aristóteles

A classificação dos seres vivos é um processo antigo, e diversos sistemas de classificação foram elaborados ao longo do tempo. O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), ao qual se remetem os primeiros registros sobre classificação biológica, considerava que as espécies não sofriam mudanças, sendo assim unidades fixas, e que poderiam ser organizadas em uma escala com ordem crescente de complexidade, posteriormente denominada de scala naturae (escala da vida).

Aristóteles foi o primeiro a agrupar os animais em invertebrados e vertebrados, além de descrever cerca de 500 espécies e classificá-las em diferentes categorias, como mamíferos e aves. Como suas observações ocorriam apenas a nível macroscópico, os seres vivos eram classificados em dois grandes grupos: animais (seres que se moviam) ou plantas (seres que não se moviam), e essa classificação perdurou por muito tempo até que, com o avanço da tecnologia, permitiu-se descobrir os seres microscópicos.

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  • Carolus Linnaeus

O físico e botânico sueco Carolus Linnaeus (1707-1778), considerado o pai da taxonomia moderna, desenvolveu o sistema de nomenclatura binomial, no qual os organismos são designados de acordo com gênero e espécie.

Nesse sistema, o nome deve ser escrito em latim, sendo que o primeiro nome, escrito com letra maiúscula, representa o gênero, e o segundo nome, escrito com letra minúscula, o epíteto específico. Esse sistema de nomenclatura ainda é utilizado na atualidade. Além disso, Linnaeus estabeleceu um sistema hierárquico de táxons: Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Gênero e Espécie, os quais detalharemos mais adiante.

Carolus Linnaeus, o pai da taxonomia moderna, desenvolveu o sistema de nomenclatura binomial e um sistema hierárquico de táxons.
Carolus Linnaeus, o pai da taxonomia moderna, desenvolveu o sistema de nomenclatura binomial e um sistema hierárquico de táxons.

Em seguida, o avanço da tecnologia permitiu a descoberta de novos organismos, e, diante dessas novas descobertas, em 1866, o alemão Ernst Haeckel (1834-1919) propôs a existência de três grupos de seres vivos: os animais, as plantas e os protistas. Em 1936, o norte-americano Herbert Faulkner Copeland incluiu um quarto grupo, o dos moneras, no qual estariam os organismos procariontes, antes incluídos em protistas.

O norte-americano Robert Harding Whittaker (1920–1980) foi o responsável pela elaboração do sistema de classificação em cinco reinos, ainda presente em muitos livros didáticos. Nesse sistema os seres vivos estão classificados em Reino Monera, Protista, Fungi, Animalia e Plantae, como veremos em detalhes mais adiante.

Com o avanço da biologia molecular e da sistemática filogenética, novas formas de classificação surgiram, dentre elas podemos destacar a proposta, no ano de 1977, pelo microbiologista norte-americano Carl Richard Woese (1928-2012). Por meio de seus estudos filogenéticos, ele concluiu que os seres vivos poderiam ser agrupados em três grupos, aos quais chamou de Domínio, uma categoria acima de Reino. Além disso, Woese propôs uma nova classificação em reinos, desta vez apresentando seis reinos, que também serão explicados mais adiante.

Veja também: Classificação dos fungos – cinco grupos principais

Categorias taxonômicas

Como mencionado, Linneu estabeleceu um sistema hierárquico de táxons, também chamado de categorias hierárquicas, são elas:

  • Reino: a maior das categorias, é constituída por um conjunto de filos;

  • Filo: constituído por um conjunto de classes;

  • Classe: constituída por um conjunto de ordens;

  • Ordem: constituída por um conjunto de famílias;

  • Família: constituída por um conjunto de gêneros;

  • Gênero: constituído por um conjunto de espécies;

  • Espécie: grupo de organismos capazes de reproduzir-se e originar descendentes férteis.

Classificação biológica da espécie “Vulpes vulpes”, também conhecida como raposa-vermelha.
Classificação biológica da espécie “Vulpes vulpes”, também conhecida como raposa-vermelha.

Classificação em cinco reinos

A classificação em cinco reinos proposta por Whittaker, embora seja considerada ultrapassada, ainda persiste em muitos materiais didáticos de Ensino Fundamental e Médio. Nesse sistema os organismos são classificados em cinco reinos:

  • Reino Monera: organismos procariontes unicelulares. Exemplos: bactérias e cianobactérias.

  • Reino Protista: organismos eucariontes, unicelulares, autotróficos ou heterotróficos. Exemplos: protozoários e algas.

  • Reino Fungi: organismos eucariontes, unicelulares ou multicelulares, heterotróficos. Exemplos: cogumelos e leveduras.

  • Reino Plantae: organismos eucariontes, multicelulares e autotróficos (fotossintetizantes). Exemplos: algas multicelulares e vegetais inferiores e superiores (apesar de alguns autores classificarem algas como protistas, classificações recentes incluem algas multicelulares no Reino Plantae).

  • Reino Animalia: organismos eucariontes, multicelulares e heterotróficos. Exemplos: animais invertebrados e animais vertebrados.

Classificação em seis reinos

A classificação em seis reinos foi proposta por Woese e diferencia-se da classificação de Whittaker pela extinção do Reino Monera e a criação do Reino Bacteria e do Reino Archea.

  • Reino Bacteria: organismos procariontes unicelulares. Exemplos: bactérias e cianobactérias.

  • Reino Archea: organismos procariontes, autotróficos ou heterotróficos, e que habitam ambientes extremos, por exemplo, apresentando altas temperaturas e concentração de metano ou enxofre. Esses organismos assemelham-se, em termos evolutivos, mais aos eucariontes do que às bactérias.

  • Reino Protista: organismos eucariontes, unicelulares, autotróficos ou heterotróficos. Exemplos: protozoários e algas.

  • Reino Fungi: organismos eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, heterotróficos, sendo que sua nutrição ocorre por absorção. Exemplos: cogumelos e leveduras.

  • Reino Plantae: organismos eucariontes, multicelulares e autotróficos (fotossintetizantes). Exemplos: algas multicelulares e vegetais inferiores e superiores.

  • Reino Animalia: organismos eucariontes, multicelulares e heterotróficos. Exemplos: animais invertebrados e animais vertebrados.

Segundo as classificações mais recentes, o Reino Monera e o Reino Protista deixam de existir, sendo apenas utilizados como coletivo para organismos procariontes e eucariontes unicelulares, respectivamente.

Acesse também: Classificação dos artrópodes: Crustacea, Chelicerata e Uniramia

Classificação em três domínios

A classificação em três domínios foi também proposta por Woese e é a mais aceita na atualidade.

  • Domínio Bacteria: constituído por organismos unicelulares procariontes, tendo como representantes as bactérias.

  • Domínio Archea: constituído por organismos unicelulares procariontes, também conhecidos como arqueobactérias, encontrados em ambientes considerados extremos, apresentando, por exemplo, temperaturas muito elevadas e altas concentrações de metano ou enxofre.

  • Domínio Eukarya: constituído por todos os organismos eucariontes.

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