A vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guérin) é uma vacina utilizada na prevenção contra a tuberculose. Ela foi desenvolvida por Albert Calmette e Camille Guerin, daí o seu nome. A vacina BCG é fabricada utilizando uma cepa atenuada da bactéria Mycobacterium bovis e é administrada por via intradérmica. Destaca-se por deixar uma cicatriz característica, a qual apresenta até 1 cm de diâmetro. A ausência de cicatriz vacinal não é considerada um motivo para a revacinação.
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Resumo sobre a vacina BCG
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A BCG protege contra formas graves de tuberculose.
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A BCG é fabricada de uma cepa atenuada da bactéria Mycobacterium bovis.
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A BCG é aplicada por via intradérmica e desenvolve uma cicatriz no local de aplicação.
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A revacinação de crianças que não desenvolveram a cicatriz deixou de ser recomendada no ano de 2019.
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A BCG está disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde.
Surgimento da vacina BCG
A vacina BCG é indicada para prevenir formas graves de tuberculose, como a miliar e meníngea. Ela foi desenvolvida na França, entre 1908 e 1921, por Albert Calmette e Camille Guérin. A BCG, utilizada desde 1921, é atualmente administrada pela via intradérmica, em dose única e está disponibilizada gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde.
A fim de se facilitar a identificação da cicatriz vacinal, no Brasil, é recomendado que a vacina seja aplicada no braço direito, mais precisamente na inserção inferior do músculo deltoide.
Do que é feita a vacina BCG?
A vacina BCG é feita utilizando uma cepa de Mycobacterium bovis, a qual é atenuada com glutamato de sódio. Mycobacterium bovis é responsável pela transmissão de tuberculose em bovinos e destaca-se por ser semelhante à bactéria causadora de tuberculose em seres humanos, a Mycobacterium tuberculosis.
As cepas utilizadas na fabricação da vacina variam de um país para outro. No Brasil, de acordo com o Manual de Normas de Procedimentos para Vacinação do Ministério da Saúde, a subcepa utilizada é a Moreau-Rio de Janeiro, mantida sob sistema de lote-semente no Status Serum Institut de Copenhagen, na Dinamarca.
Quem deve tomar a vacina BCG?
A vacina BCG é recomendada para todas as crianças ao nascerem. Uma maior proteção é garantida se for aplicada logo após o nascimento, entretanto, ela é oferecida para crianças com até 4 anos, 11 meses e 29 dias. Além disso, é indicada para contatos intradomiciliares de pacientes com diagnóstico de hanseníase.
A vacina apresenta algumas contraindicações, devendo ser adiada quando a criança apresentar peso inferior à 2 kg e em caso de o indivíduo estar hospitalizado com comprometimento do estado geral. Além disso, a vacina não é indicada para gestantes e pessoas imunodeprimidas.
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Efeitos adversos da vacina BCG
A vacina BCG apresenta como principal efeito adverso uma reação no local de aplicação. Inicialmente surge na região um pequeno nódulo (caroço), o qual se transforma em uma pequena ferida com pus e, posteriormente, em uma úlcera. Após a cicatrização da úlcera, observa-se a formação de uma cicatriz superficial que apresenta de 2 mm a 10 mm de diâmetro.
É importante destacar que a lesão gerada pela BCG é normal e esperada, portanto, não é necessário medicamento ou qualquer outro produto no local. Além disso, outros eventos podem ocorrer, como febre, dor muscular, dor de cabeça e aumento dos linfonodos axilares.
Importância da vacina BCG
A vacina BCG é importante na prevenção de formas graves de tuberculose, como a tuberculose miliar e a meningite tuberculosa. No que diz respeito à prevenção contra a tuberculose pulmonar, a eficácia é variada, com estudos apresentando eficácia variando de 0 a 80%. A discrepância entre os estudos se deve a diferentes fatores, como a exposição às microbactérias do ambiente, as diferenças genéticas entre as populações estudadas, e a variabilidade biológica da BCG devido a diferentes cepas.
De acordo com informações da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, “no Brasil, embora a incidência de tuberculose pulmonar venha aumentando, quase não são mais registradas suas formas graves”.
Em 1º de julho é celebrado o Dia da Vacina BCG. |
Cicatriz vacinal e revacinação
Anteriormente, recomendava-se a revacinação com BCG de crianças que já haviam sido vacinadas e que não desenvolveram cicatriz vacinal. Essa recomendação foi alterada após a publicação de nota informativa em 2019.
A atualização na recomendação ocorreu após publicação de um documento pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em fevereiro de 2018. De acordo com a OMS, a ausência da cicatriz vacinal não indica ausência de proteção. Além disso, estudos demonstraram pouca ou nenhuma evidência de benefício na revacinação com a vacina BCG.
Desse modo, atualmente, no Brasil, não se revacina crianças que receberam a BCG e que não desenvolveram a cicatriz vacinal.
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Vacina BCG e a covid-19
Apesar de a vacina BCG estar relacionada com a prevenção contra tuberculose, muito se falou a respeito da sua contribuição para a prevenção da covid-19. As especulações começaram quando pesquisadores observaram que a covid-19 se comportou de maneira diferente em locais onde a vacinação com a BCG ocorria e que crianças eram menos suscetíveis ao vírus causador da doença.
Atualmente, considera-se que não há evidências suficientes de que a vacina BCG proteja contra infecções provocadas pelo vírus causador da covid-19, entretanto, estudos ainda estão sendo realizados para confirmar ou descartar definitivamente a hipótese.