Rompimento da Barragem em Brumadinho

O rompimento da barragem em Brumadinho causou a morte inúmeras pessoas, destruiu várias casas e foi responsável por um grande impacto ambiental.
No dia 25 de janeiro de 2019, a cidade de Brumadinho foi afetada pelo rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração.
No dia 25 de janeiro de 2019, a cidade de Brumadinho foi afetada pelo rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração.
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No início da tarde do dia 25 de janeiro de 2019, ocorreu em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração pertencente à multinacional Vale. Uma grande onda de lama foi formada, arrastando consigo casas, pousadas e até a área administrativa da mineradora. Os prejuízos do desastre são incalculáveis, uma vez que houve perdas materiais, ambientais e humanas em decorrência da tragédia.

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Rompimento da Barragem

A Barragem I da Mina Córrego do Feijão foi construída em 1976. Até 2015, era responsável por receber rejeitos provenientes da produção da Mina Córrego do Feijão. Segundo a Vale, empresa responsável pela prática mineradora do local, a barragem rompida estava inativa e nenhuma atividade operacional encontrava-se em andamento.

Área afetada pelo rompimento de barragem em Brumadinho
A lama encobriu casas, vegetação e causou a morte de várias pessoas em Brumadinho.
(Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais)

A Vale confirma ainda que a barragem apresentava declarações que atestavam sua segurança física e hidráulica. Desse modo, investigações foram iniciadas para avaliar as causas do desastre e verificar se houve alguma fraude nos laudos técnicos da empresa.

Mortos na tragédia de Brumadinho

Até o dia 01 de fevereiro de 2019, já havia a confirmação de 110 mortes em decorrência do rompimento da barragem em Brumadinho. Dos 65 mortos confirmados, apenas 71 haviam sido identificados. Apesar do grande número de mortos, a tragédia deverá apresentar um valor ainda mais assustador, uma vez que, até essa data, havia 238 pessoas desaparecidas.

O fato de nenhum sinal de alerta ter sido emitido no momento do rompimento da barragem é um dos motivos que podem ter contribuído para esse elevado número de mortes. Provavelmente, não houve tempo para que o alerta fosse feito, já que os acontecimentos ocorreram de maneira muito rápida. Várias pessoas que trabalhavam na Vale durante a tragédia foram levadas pela força da lama, que arrastou também uma pousada, na qual havia cerca de 35 pessoas.

Bombeiros trabalhando no resgate de vítimas de Minas Gerais
Bombeiros de Minas Gerais esforçam-se durante as buscas para encontrar as vítimas do desastre em Brumadinho.
(Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais)

Considerando que o número de mortes confirmadas em Brumadinho deverá aumentar, esse acidente já pode ser considerado uma das maiores tragédias por rompimento de barragens da história do Brasil e do mundo.

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Impacto ambiental do desastre em Brumadinho

A Barragem I da Mina Córrego do Feijão, que se rompeu em Brumadinho, possuía rejeitos que ocupavam um volume de 11,7 milhões de metros cúbicos. Com o rompimento, a barragem liberou uma grande quantidade de lama, composta, principalmente, de ferro, sílica e água.

A lama, que, segundo a Vale, não é tóxica, foi responsável por impactos ambientais imediatos e a longo prazo, sendo praticamente impossível calcular os danos futuros. De imediato, a força da lama desencadeou a morte de várias pessoas, animais e plantas. Por ser uma área com remanescentes de Mata Atlântica, Brumadinho teve, sem dúvidas, uma grande perda. Segundo dados do Instituto Estadual de Florestas (IEF), a área de vegetação atingida é de 147,38 hectares.

Além da morte de várias espécies, a onda de lama atingiu o rio Paraopeba, reduzindo a qualidade da água da região. Segundo dados obtidos pelo Governo de Minas, a água do rio apresenta riscos à saúde de seres humanos e outros animais. É importante destacar ainda que a lama desencadeia uma redução na quantidade de oxigênio na água, levando espécies de animais e plantas aquáticas à morte. Sendo assim, além de ficar imprópria para o consumo humano, a água do rio ficará imprópria para a sobrevivência de várias espécies, afetando a biodiversidade e, até mesmo, as pessoas que viviam da pesca, por exemplo.

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Como o rio Paraopeba é um dos afluentes do São Francisco, temia-se que este fosse atingido pelos rejeitos liberados pelo rompimento da barragem em Brumadinho. Entretanto, de acordo com boletim do Serviço Geológico divulgado no dia 28 de janeiro, a lama não atingirá o rio.

Não podemos esquecer ainda que a grande quantidade de lama afeta o solo da região, o qual terá sua composição alterada e poderá tornar-se compactado após o endurecimento da lama. Todos esses fatores afetam negativamente a fertilidade do solo.

Brumadinho e Mariana

Rompimento da barragem em Mariana
O rompimento da barragem em Mariana, em 2015, foi responsável por um grande desastre ambiental.

Brumadinho e Mariana apresentam uma triste história em comum: o rompimento de barragens de rejeito de mineração.

No dia 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, pertencente à mineradora Samarco, que tem a Vale como uma de suas controladoras, rompeu-se, desencadeando uma grande enxurrada de rejeitos que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, localizado no município de Mariana.

Aproximadamente três anos após essa tragédia, no dia 25 de janeiro de 2019, Brumadinho foi atingido por uma grande onda de rejeitos que causou, assim como em Mariana, mortes e destruição.

O número de mortes em Mariana foi inferior ao observado em Brumadinho. Enquanto em Mariana houve um total de 19 pessoas mortas, em Brumadinho, até o quinto dia de buscas, já haviam sido confirmadas 65 mortes. Além disso, até a mesma data, 288 pessoas ainda estavam desaparecidas, o que sugere que o número de mortos possa ser ainda maior.

Em relação ao impacto ambiental, tanto Mariana quanto Brumadinho foram terrivelmente afetados. Em Mariana, mesmo após anos do acidente, o rio Doce não se recuperou. A lama que atingiu o rio matou a vida aquática, afetando o meio ambiente e as pessoas que dependiam dele para seu sustento. Além disso, Mariana teve vários hectares de vegetação destruídos e a fertilidade do solo afetada.

Em Brumadinho, o rio Paraopeba foi atingido e, assim como o rio Doce, sofreu consequências desastrosas. A grande quantidade de lama tornou a água imprópria para consumo. Além disso, uma grande quantidade de espécies animais e vegetais foi morta e o solo foi afetado. Não é possível mensurar o tempo para a recuperação do rio.

Percebemos, portanto, a necessidade de políticas que visam à preservação do meio ambiente e de uma rígida fiscalização de empreendimentos de risco.

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*Crédito de atribuição editorial: Gustavo Basso / Shutterstock.com