Varíola dos macacos

Varíola dos macacos é uma doença rara e endêmica da África Central e Ocidental. Provoca febre, dor de cabeça, aumento dos linfonodos e lesões na pele.

Varíola dos macacos é uma doença viral com características semelhantes às da varíola humana, uma doença grave que levou milhares de pessoas à morte no passado. A varíola dos macacos, apesar da semelhança, no entanto, é mais branda e menos letal que a humana.

Trata-se de uma doença endêmica da África Central e da África Ocidental, com surtos em outras regiões, estando relacionados, geralmente, com viagens internacionais e contato com animais provenientes das áreas onde a doença ocorre.

A varíola dos macacos provoca sintomas como febre, dor de cabeça, dor muscular, aumento dos linfonodos, exaustão e erupções cutâneas. Não existem tratamentos específicos para ela, sendo observada uma cura espontânea após poucas semanas.

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Resumo sobre varíola dos macacos

O que é a varíola dos macacos?

A varíola dos macacos é uma doença rara causada por um vírus da família Poxviridae e gênero Orthopoxvirus, mesmo gênero do vírus da varíola humana. Ele apresenta duas cepas: a da Bacia do Congo (África Central) e a da África Ocidental. A primeira é mais virulenta.

Até o momento, não se sabe qual é o reservatório natural desse vírus. Entretanto, sabe-se que primatas não humanos e também roedores africanos são capazes de abrigá-lo e o transmiti-lo para seres humanos.

Surtos da varíola dos macacos

A varíola dos macacos é uma doença considerada endêmica das Áfricas Central e Ocidental, com surtos dela ocorrendo de tempos em tempos nessas regiões. A doença foi descrita pela primeira vez em 1958, quando se observou a ocorrência de dois surtos de uma doença semelhante à varíola humana em macacos que estavam sendo mantidos para pesquisa. Devido à descoberta em macacos, a doença ficou conhecida como varíola dos macacos ou monkeypox, em inglês.

Em seres humanos, ela foi observada pela primeira vez na República Democrática do Congo, no ano de 1970. Depois desse registro inicial, várias outras pessoas foram diagnosticadas, ao longo dos anos, em outros países da África Central e Ocidental.

Fora da África, o primeiro surto de varíola dos macacos em seres humanos ocorreu em 2003, nos Estados Unidos. Ele foi causado devido à importação de roedores africanos como animais de estimação e à disseminação do vírus para cães-da-pradaria. Estima-se que 70 pessoas que tiveram contato com esses animais adoeceram.

Em geral, surtos da doença fora do território africano relacionam-se com contato com animais vindos da área de risco para a doença ou ainda com viagens internacionais para esses lugares. Recentemente, em 2022, um surto simultâneo em diferentes partes do mundo assustou as autoridades porque as pessoas doentes não tinham histórico de viagem para a África. Apesar das causas do surto atual ainda não terem sido esclarecidas, o episódio poderia ter surgido na Europa devido ao comportamento sexual de risco em dois eventos recentes.

Desde o início de maio até julho de 2022, mais de 16 mil casos foram notificados em 75 países. O aumento de casos da doença em todo mundo tornou-se motivo de preocupação, fazendo com que a OMS declarasse que o atual surto de varíola dos macacos constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII).

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Transmissão da varíola dos macacos

A varíola dos macacos pode ser transmitida pelo contato com animais, de uma pessoa para outra ou por meio de objetos contaminados. No que diz respeito aos animais, mordidas, arranhões ou mesmo manuseio, preparação e ingestão de carne de animais selvagens podem levar à transmissão do vírus para os seres humanos.

A transmissão entre pessoas é considerada mais difícil de ocorrer, entretanto, contato com fluidos corporais, com o material da lesão e com objetos contaminados, como toalhas e roupas de cama, podem estar relacionados com o processo. Vale salientar, no entanto, que as gotículas respiratórias são consideradas a principal forma de transmissão de um ser humano para outro, sendo necessário, nesses casos, um contato pessoal prolongado.

Durante o surto de 2022, começou-se uma investigação para confirmar se a doença poderia ou não ser transmitida por meio da via sexual. Segundo o artigo publicado no New England Journal of Medicine e intitulado “Monkeypox Virus Infection in Humans across 16 Countries — April–June 2022”, acredita-se que a transmissão tenha ocorrido por meio da via sexual em 95% das pessoas infectadas.

De acordo com o artigo,a forte probabilidade de transmissão sexual foi apoiada pelos achados de lesões primárias da mucosa genital, anal e oral, que podem representar o local da inoculação”. Além disso, os autores destacam que o DNA do vírus causador da varíola dos macacos foi encontrado no fluído seminal, entretanto não foi possível confirmar se esse DNA era competente para replicação.

Sintomas da varíola dos macacos

A varíola dos macacos apresenta sintomas semelhantes aos da varíola humana, porém, mais brandos. Inciam-se com febre, dores musculares e de cabeça e exaustão. Ocorre ainda um aumento dos gânglios linfáticos, característica importante que permite diferenciar a doença da varíola humana e da catapora.

Após um a três dias do surgimento da febre, iniciam-se lesões na pele. As erupções cutâneas surgem no rosto e vão se espalhando pelo corpo do paciente. É importante destacar que no surto atual tem-se observado o surgimento também de lesões genitais únicas e o desenvolvimento de feridas na região anal e na boca. A doença cura-se de maneira espontânea, entre duas e quatro semanas.

Mortalidade da varíola dos macacos

Desenho de multidão reunida para tomar a vacina contra a varíola no passado
A varíola foi erradicada, principalmente, devido à campanha mundial de vacinação contra a doença.

A varíola humana é conhecida por sua alta taxa de mortalidade, sendo responsável pela morte de aproximadamente 300 milhões de pessoas somente no século XX. De acordo com a Fiocruz, “o número é bem superior ao de outras moléstias, como a tuberculose, a hanseníase, a aids, a gripe espanhola e até mesmo a covid-19”.

Falar em varíola, portanto, nos remete a uma doença grave e extremamente perigosa. A varíola dos macacos, no entanto, é mais leve e também menos letal que a temida varíola humana. Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a varíola dos macacos, na África, causa a morte de até 1 em cada 10 pessoas que a contraem. Sua mortalidade é maior em crianças, adultos jovens e pessoas imunocomprometidas.

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Tratamento da varíola dos macacos

Até o momento, não há tratamentos específicos para a varíola dos macacos. Como salientado, a doença se cura por conta própria. O CDC destaca que antivirais usados para tratar a varíola podem ser usados no tratamento de infecções provocadas por varíola dos macacos. O uso de antivirais pode ser recomendado para pessoas com maior risco de agravamento.

Em relação à vacinação, acredita-se que a vacina utilizada na erradicação da varíola humana pode ter algum efeito de proteção em relação à dos macacos. Entretanto, devido à erradicação da doença, a vacina não está mais disponível para a população em geral.

Vale salientar que, de acordo com reportagem da BBC, “uma vacina mais recente desenvolvida pela Bavarian Nordic para a prevenção da varíola e da varíola dos macacos foi aprovada na União Europeia, Estados Unidos e Canadá (sob os nomes comerciais Imvanex, Jynneos e Imvamune)”.

Formas de se prevenir contra a varíola dos macacos

Para se prevenir da varíola dos macacos, algumas medidas simples podem ser adotadas, tais como:


Fonte: Brasil Escola - https://www.biologianet.com/doencas/variola-dos-macacos.htm