Origem da vida

Origem da vida na Terra é um tema que fascina e intriga. Muitas hipóteses existem na tentativa de elucidar essa questão, como o criacionismo e a hipótese de Oparin e Haldane.

A origem da vida é uma das questões mais polêmicas e que intrigam a humanidade. Como a vida originou-se na Terra? Na tentativa de responder essa questão, surgiram várias hipóteses — o criacionismo, a panspermia e a hipótese mais aceita no meio acadêmico, a de Oparin e Haldane, são algumas delas. A seguir explanaremos um pouco mais sobre cada uma.

Leia também: Evolução: modificações nos organismos no decorrer do tempo

Teorias da abiogênese e biogênese

A teoria da abiogênese, também chamada de teoria da geração espontânea, postula que um ser vivo origina-se da matéria bruta. Isso se deve à presença de uma força vital ou ao princípio ativo presente na matéria bruta, que poderia gerar a vida. Um exemplo clássico para explicar a geração espontânea era a realização de um experimento usando uma camisa suja e grãos deixados em um ambiente calmo, originando assim, após alguns dias, ratos. Essa teoria foi aceita por milênios.

Já a teoria da biogênese afirmava que um ser vivo provém de outro ser vivo preexistente. Três cientistas, por meio da realização de experimentos controlados, buscaram refutar a teoria da abiogênese: Francesco Redi, Lazzaro Spallanzani e Louis Pasteur.

Apenas após os experimentos realizados por Pasteur conseguiu-se derrubar a teoria da abiogênese. No entanto ainda permanecia a pergunta: como surgiu, então, o primeiro ser vivo? Na tentativa de responder a ela, muitas teorias surgiram, como veremos a seguir. Se quiser saber mais sobre esse assunto, leia nosso texto: Abiogênese x Biogênese.

O criacionismo é uma hipótese defendida por religiosos que afirmam que Deus criou o Universo e todos os seres nele viventes, a partir do nada, conforme está descrito no “Gênesis”, livro presente na Bíblia. Essa hipótese é comumente ligada à crença religiosa, não sendo aceita pela comunidade acadêmica. Segundo essa conjectura, os seres vivos foram criados da maneira que os vemos hoje, sendo assim imutáveis.

Algumas evidências mostram que os organismos modificam-se com o tempo, leia mais aqui: Principais evidências da evolução.

A panspermia postula que a vida foi trazida para a Terra por meio de meteoros.
A panspermia postula que a vida foi trazida para a Terra por meio de meteoros.

Essa hipótese, proposta por Anaxágoras e reformulada por Hermann von Helmholtz, postula que a vida na Terra não se originou aqui, mas sim do espaço, por meio de meteoros que aqui se chocaram, trazendo esporos que, em um ambiente favorável, teriam dado origem a formas de vida primitiva.

Essa ideia ganhou força em 1830, quando os químicos Vauquelin e Berzelius relataram a descoberta de compostos orgânicos em amostras de meteorito. No entanto, como essa hipótese apresenta algumas lacunas, como não explicar como a vida teria surgido em algum outro lugar do espaço, acabou sendo desacreditada.

A hipótese mais aceita, atualmente, sobre a origem da vida é a hipótese de Oparin e Haldane. Segundo essa ideia, a Terra primitiva seria constituída por amônia, hidrogênio, metano e vapor d'água, os quais são expelidos constantemente pelas atividades vulcânicas. A condensação desse vapor d'água deu origem a um ciclo de chuvas, pois estas, ao atingirem a superfície ainda quente da Terra, voltavam a evaporar, iniciando assim um novo ciclo.

Mediante ação das radiações ultravioletas do Sol e das constantes descargas elétricas, os elementos presentes na atmosfera passaram a reagir, dando origem aos primeiros compostos orgânicos, denominados aminoácidos. As chuvas carreavam esses compostos para os oceanos primitivos, os quais se formaram quando ocorreu o resfriamento da superfície da terra, permitindo o acúmulo de água na superfície.

Nos oceanos primitivos, esses aminoácidos uniram-se, formando compostos semelhantes a proteínas (proteinoides), e, em seguida, após novas reações, essas deram origem aos coacervados. Estes se tornaram mais estáveis e complexos, controlando as próprias reações químicas e sendo capazes de autoduplicar-se, originando, assim, os primeiros seres vivos.

Experimento de Miller e Urey.
Experimento de Miller e Urey.

Em 1953, os cientistas Stanley Miller e Harold Urey conseguiram, por meio da realização de um experimento, que simulava a atmosfera primitiva segundo a hipótese de Oparin e Haldade, produzir artificialmente várias moléculas de aminoácidos. Esse experimento serviu para comprovar que, segundo as condições descritas por Oparin e Haldane, os primeiros compostos orgânicos podem ter surgido de reações dos elementos presentes na atmosfera.

Veja também: Teoria endossimbiótica: origem de organelas celulares

Hipótese heterotrófica e autotrófica

A nutrição dos primeiros organismos, se estes eram organismos heterotróficos ou autotróficos, é um tema de discussão. Duas hipóteses buscam elucidar a questão.

Alguns autores acreditam que os primeiros organismos seriam heterotróficos. Isso se deveria ao fato de os primeiros organismos serem simples, não possuindo estrutura para realizar um processo bioquímico mais complexo para a obtenção de alimento, por exemplo, a fotossíntese. Assim, esses organismos nutriam-se de matéria orgânica simples, apresentando como produto final desse processo gás carbônico (CO2) e álcool (C2H5OH), ou seja, os primeiros organismos vivos seriam fermentadores.

Outros autores consideram que a Terra primitiva não teria matéria orgânica suficiente para alimentar os organismos heterotróficos. Assim, os primeiros organismos seriam autotróficos, produzindo suas moléculas nutritivas a partir da energia liberada em reações de compostos inorgânicos presentes nas rochas, como ferro e enxofre. Esses organismos são chamados de quimiolitoautotróficos.


Fonte: Brasil Escola - https://www.biologianet.com/origem-universo-vida