A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por crises epilépticas recorrentes — episódios de atividade elétrica anormal no cérebro. Essas crises podem variar em intensidade e duração e podem ter causas distintas, incluindo lesões cerebrais, anomalias cerebrais congênitas, fatores genéticos, infecções cerebrais e distúrbios metabólicos. No entanto, em muitos casos, a causa específica pode não ser identificada.
Os sintomas das crises epilépticas podem variar amplamente, desde convulsões evidentes até manifestações mais sutis, como alterações de comportamento ou percepções sensoriais estranhas. O diagnóstico é realizado por meio de uma avaliação clínica completa, incluindo história médica detalhada, exame físico, eletroencefalograma e exames de imagem do cérebro.
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A epilepsia é um transtorno neurológico em que acontece a repetição de duas ou mais crises epilépticas.
As crises epilépticas acontecem quando existe uma atividade excessiva nos neurônios do córtex cerebral.
As causas da epilepsia são diversas e incluem lesões, anomalias e infecções cerebrais, fatores genéticos e outros distúrbios.
Os sintomas são variáveis e dependem do tipo de crise que os desencadeia.
As crises epilépticas que levam à epilepsia podem ser classificadas como parciais (simples ou complexas) e generalizadas.
O diagnóstico é feito por um médico especializado que acompanhará o caso e desenvolverá o tratamento adequado para o paciente.
Segundo a Liga Brasileira de Epilepsia, a epilepsia pode ter cura em alguns casos.
Epilepsia e convulsão não são sinônimos. A epilepsia acontece quando existe a recorrência de crises epilépticas que podem se manifestar de diferentes formas, entre elas as crises convulsivas ou convulsões.
A prevenção pode ser feita apenas em alguns casos.
Pode ter uma variedade de consequências para os indivíduos afetados, como lesões, em termos físicos, e o enfrentamento de estigma social e discriminação, em termos psicológicos.
A epilepsia é um transtorno neurológico em que existe a repetição de crises epilépticas não provocadas, isto é, que não foram causadas por outro estímulo definido, como uma febre.
A crise epiléptica acontece quando existe uma atividade anormal e excessiva em neurônios que se situam no córtex cerebral. Geralmente dura de segundos a poucos minutos. No entanto, quando prolongada ou quando acontecem duas ou mais crises epilépticas repetidamente, é considerado que o indivíduo está em um estado epiléptico.
As causas da epilepsia podem ser diversas e variam de acordo com a idade do paciente e o tipo de epilepsia. Algumas das mais comuns incluem:
Lesões cerebrais: traumatismo craniano, lesões cerebrais durante o parto, acidentes vasculares cerebrais (AVC), tumores cerebrais e outras formas de lesão cerebral podem ser causas da epilepsia.
Anomalias cerebrais: anomalias congênitas do desenvolvimento cerebral, malformações e outras condições podem predispor uma pessoa a desenvolver epilepsia.
Fatores genéticos: em muitos casos, a epilepsia pode ter uma base genética, com certos genes sendo associados a um maior risco de desenvolvimento da condição.
Infecções cerebrais: infecções do sistema nervoso central, como meningite, podem causar danos cerebrais que aumentam o risco de epilepsia.
Distúrbios metabólicos: em crianças, por exemplo, alterações metabólicas que existem desde o nascimento são causas frequentes de epilepsia.
Lesões perinatais: em crianças, lesões cerebrais que ocorrem durante o nascimento, devido à falta de oxigênio (hipóxia) ou trauma durante o parto, podem aumentar o risco de epilepsia.
Importante: Em muitos casos, a causa específica da epilepsia pode não ser identificada. Em mais de ¾ dos pacientes, as crises epilépticas começam até antes dos 18 anos.
As crises epilépticas que desencadeiam a epilepsia podem se manifestar de diversas maneiras e com sintomas variados:
Crise convulsiva: a pessoa pode cair ao chão e apresentar contrações musculares em todo o corpo, seguidas por sintomas como mordedura da língua, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, perda do controle da urina.
Crise do tipo “ausência”: a pessoa fica com o olhar fixo, perde contato com o ambiente por alguns segundos e pode não perceber o que aconteceu depois que a crise passa, muitas vezes não sendo percebida por familiares ou professores devido à sua curta duração.
Crise parcial complexa: a pessoa parece estar em alerta, mas não tem controle sobre seus atos, realizando movimentos automáticos involuntários, como mastigar, falar de modo incompreensível ou andar sem direção definida. Após a crise, a pessoa geralmente não se lembra do que aconteceu.
Existem ainda outros tipos de crises epilépticas que podem causar quedas ao solo sem movimentos ou contrações, percepções visuais ou auditivas estranhas, alterações transitórias da memória, entre outros sintomas.
É importante reconhecer que a epilepsia pode apresentar uma variedade de sintomas e manifestações, desde convulsões evidentes até manifestações mais sutis, como alterações discretas de comportamento ou breves interrupções da atividade, especialmente em crianças, nas quais as crises de ausência são comuns e podem passar despercebidas até que haja prejuízo no desempenho escolar.
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As crises epilépticas que levam à epilepsia podem ser classificadas, de acordo com a descrição clínica e exames, em:
Crises epilépticas parciais: são aquelas em que é possível comprovar clinicamente que a atividade anormal cerebral se originou dentro de um único hemisfério. Elas podem ser subdivididas em simples e complexas.
Crises epilépticas parciais simples: não há alteração da consciência.
Crises epilépticas parciais complexas: há alteração da consciência.
Crises epilépticas generalizadas: são aquelas em que as manifestações clínicas e os dados obtidos por exames indicam que as atividades anormais se iniciaram simultaneamente e de forma generalizada em ambos os hemisférios.
Ainda, existem diferentes condições neurológicas que podem levar a crises epilépticas. Essas condições são classificadas em síndromes epilépticas, que podem ser divididas em:
Síndromes epilépticas sintomáticas: cuja causa é conhecida.
Síndromes epilépticas idiopáticas: cuja causa é hereditária.
Síndromes epilépticas criptogênicas: supostamente sintomáticas, mas não se tem uma causa conhecida.
O diagnóstico de epilepsia envolve uma avaliação clínica completa realizada por um médico especializado, como um neurologista. O médico investigará os sintomas pela análise de:
História clínica detalhada: o médico fará perguntas detalhadas sobre os sintomas do paciente, incluindo a descrição das crises, a frequência, a duração, os possíveis desencadeadores e qualquer história familiar de epilepsia ou outros distúrbios neurológicos.
Exame físico: um exame físico será realizado para descartar outras condições médicas que possam estar causando os sintomas do paciente.
Eletroencefalograma (EEG): o EEG é um exame que registra a atividade elétrica do cérebro e pode ajudar a identificar padrões anormais de atividade característicos das crises epilépticas.
Exames de imagem: exames de imagem como ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) do cérebro podem ser realizados para procurar por lesões estruturais ou outras anormalidades no cérebro que possam estar relacionadas às crises epilépticas.
Monitoramento prolongado da atividade elétrica cerebral: pode ser indicado um monitoramento prolongado da atividade elétrica cerebral por meio de um EEG de longa duração, especialmente se as crises forem infrequentes ou se houver dúvidas sobre o diagnóstico.
Com base nos resultados desses testes e dessas avaliações, o médico poderá fazer um diagnóstico de epilepsia ou descartar outras causas possíveis dos sintomas do paciente. É importante ressaltar que o diagnóstico e o tratamento da epilepsia devem ser realizados por um médico especializado, que poderá desenvolver um plano de tratamento individualizado para o paciente.
Diante de uma crise epiléptica, é importante sobretudo manter a calma e agir de forma adequada para garantir a segurança da pessoa em crise. Algumas orientações sobre como proceder são:
Mantenha a calma: é fundamental manter a calma para lidar com a situação de forma eficaz. Lembre-se de que a maioria das crises epilépticas é autolimitada e geralmente não representa uma ameaça à vida.
Proteja a pessoa em crise: se a pessoa estiver em pé, ajude-a a deitar-se suavemente no chão para evitar quedas e lesões. Afaste objetos pontiagudos ou perigosos que possam estar próximos para evitar ferimentos.
Não restrinja os movimentos: não tente segurar ou restringir os movimentos da pessoa durante a crise, a menos que ela esteja em perigo iminente de se machucar.
Proteja a cabeça: coloque algo macio sob a cabeça da pessoa para protegê-la de lesões. Uma almofada ou um casaco dobrado podem ser usados para esse fim.
Afrouxe roupas apertadas: afrouxar qualquer roupa apertada ao redor do pescoço para facilitar a respiração durante a crise.
Mantenha a via aérea desobstruída: se possível, vire a pessoa de lado para evitar que a saliva ou outros fluidos bloqueiem as vias respiratórias. Isso também pode ajudar a prevenir a aspiração de vômito, caso ocorra.
Observe a duração da crise: faça uma nota mental ou cronometre a duração da crise. Se a crise durar mais de cinco minutos, ou se houver uma segunda crise imediatamente após a primeira, procure ajuda médica imediatamente.
Busque assistência médica: se esta for a primeira crise da pessoa, se a crise durar mais de cinco minutos, se houver dificuldade respiratória, se a pessoa estiver grávida ou se houver lesões durante a crise, é importante procurar ajuda médica imediatamente.
É importante lembrar que cada pessoa é única e pode ter necessidades específicas durante uma crise epiléptica. Sempre adapte suas ações com base na situação individual e procure assistência médica se necessário.
O tratamento para epilepsia é altamente individualizado já que as necessidades e características de cada paciente podem variar significativamente. A abordagem terapêutica deve ser adaptada para atender às especificidades de cada caso.
Uma estratégia comum no tratamento da epilepsia é a monoterapia, na qual um único medicamento antiepiléptico é prescrito para controlar as convulsões. O objetivo da monoterapia é alcançar o controle das convulsões com o menor número possível de medicamentos, com o objetivo de minimizar os efeitos colaterais e simplificar o regime de tratamento. A escolha do medicamento antiepiléptico específico é baseada em vários fatores, incluindo o tipo de convulsões, a idade do paciente, as condições médicas subjacentes e outros aspectos individuais.
Além da terapia medicamentosa, outras modalidades de tratamento podem ser consideradas, dependendo da gravidade e da resposta ao tratamento inicial. Isso pode incluir terapias comportamentais, mudanças no estilo de vida, como a redução do estresse e a manutenção de um sono adequado, ou até mesmo a combinação com outros medicamentos, mas tudo isso dependerá da opinião do médico que acompanhará o paciente.
É fundamental que o tratamento seja continuamente monitorado e ajustado por profissionais de saúde qualificados com base na resposta do paciente e em sua evolução clínica. O acompanhamento médico regular é essencial para garantir a eficácia do tratamento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com epilepsia.
Segundo a Liga Brasileira de Epilepsia, a epilepsia pode ter cura em alguns casos. Um exemplo de situação em que há cura da epilepsia é se um paciente ficar livre de crises por um período significativo, pelo menos dois anos, e a medicação antiepiléptica for interrompida sem recorrências. Outros exemplos são em situações em que a causa das crises é identificada e pode ser removida por meio de procedimento cirúrgico, assim como certos tipos de epilepsias infantis, em que o amadurecimento natural do cérebro pode levar à remissão do quadro ao longo do tempo. Em casos como esses, é possível considerar que existe cura para epilepsia.
Epilepsia e convulsão não são sinônimos. A epilepsia acontece quando existe a recorrência de crises epilépticas, que podem se manifestar de diferentes formas, entre elas as crises convulsivas ou convulsões.
Nas crises convulsivas, o indivíduo pode apresentar movimentos corporais involuntários, contrações musculares em todo o corpo, salivação intensa, entre outros sintomas. Apesar disso, um único episódio de convulsão não significa que a pessoa tenha epilepsia. A epilepsia é diagnosticada apenas quando existem crises epilépticas recorrentes e sem uma causa definida.
Ainda, as convulsões podem ser classificadas como provocadas, isto é, que acontecem com uma causa definida e que permanecem acontecendo apenas se essa causa continua, o que não é característica da epilepsia.
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A prevenção da epilepsia pode ser feita apenas em alguns casos, sendo importante destacar que não é possível prevenir todos os casos porque, muitas vezes, a condição é causada por fatores que estão além do controle do indivíduo, como lesões cerebrais, distúrbios genéticos ou condições médicas pré-existentes.
Um acompanhamento pré-natal adequado e uma boa assistência ao parto podem contribuir significativamente para a prevenção de certas causas de epilepsia, como a anóxia neonatal.
Da mesma forma, o controle eficaz dos fatores de risco para doenças cerebrovasculares, como a hipertensão arterial e o diabetes, pode resultar na redução do número de casos de epilepsia relacionados a essas condições, uma vez que diminui a incidência de acidentes vasculares cerebrais.
A epilepsia pode ter uma variedade de consequências físicas e psicológicas para os indivíduos afetados. Em termos físicos, as crises epilépticas podem resultar em lesões, como quedas, fraturas ósseas, cortes ou queimaduras, dependendo das circunstâncias em que ocorrem.
No nível psicológico, os pacientes com epilepsia podem enfrentar estigma social e discriminação devido à falta de compreensão sobre a condição. Isso pode levar a sentimentos de isolamento, baixa autoestima e ansiedade. O medo de ter convulsões em público também pode limitar as atividades sociais e profissionais, impactando negativamente o bem-estar psicológico.
Importante: Com o tratamento adequado, suporte emocional e educação sobre a condição, é plenamente possível que uma pessoa com epilepsia leve uma vida normal, plena e produtiva. É essencial fornecer apoio, incluindo acesso a cuidados médicos especializados, terapia comportamental e suporte da comunidade, para ajudar os pacientes a gerenciarem os desafios associados à epilepsia e alcançarem uma melhor qualidade de vida.
Fontes
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Fonte: Brasil Escola - https://www.biologianet.com/saude-bem-estar/epilepsia.htm